Passados cinco meses desde a passagem da tempestade tropical JUDE, a população do distrito de Lalaua, na província de Nampula, continua a enfrentar graves dificuldades de acesso à sede distrital, devido à destruição das pontes sobre os rios Mpuipui e Lalaua, no principal troço entre Ribauè e Lalaua.
O cenário de isolamento forçado tem causado sérios constrangimentos logísticos, sociais e económicos às comunidades locais, que agora são obrigadas a percorrer cerca de 200 quilómetros por vias alternativas, em vez dos 80 quilómetros usuais, para chegar à sede distrital ou deslocar-se a Ribauè, centro administrativo e comercial mais próximo.
O secretário-permanente do distrito de Lalaua, Teófilo Feliciano, confirmou que, apesar das reiteradas solicitações às autoridades competentes, ainda não há qualquer resposta concreta sobre a reconstrução das pontes ou reabilitação das vias danificadas.
“As comunidades continuam a depender de rotas longas e perigosas. A situação agrava-se com o tempo, pois outras partes da estrada também estão degradadas, sem manutenção,” lamentou Feliciano.
O corte das vias está a impactar o transporte de bens essenciais, a mobilidade de doentes e o acesso a serviços públicos, como escolas e centros de saúde. Pequenos agricultores locais, por exemplo, não conseguem escoar os seus produtos, o que afeta diretamente a economia de subsistência e o abastecimento de mercados regionais.
“Já não conseguimos levar mandioca nem milho para Ribauè. O transporte cobra o triplo porque agora a viagem é longa e complicada,” contou um agricultor local.
A tempestade tropical JUDE, que assolou várias regiões do norte de Moçambique em Março deste ano, expôs a fragilidade das infraestruturas rodoviárias nas zonas rurais. Chuvas intensas e enxurradas causaram a ruptura total das pontes, cortando o tráfego e isolando dezenas de comunidades.
Desde então, nenhuma obra de reconstrução foi iniciada, apesar da urgência da situação e dos apelos das lideranças locais e da população afetada.
Face à ausência de ações concretas, cresce o sentimento de abandono entre os habitantes de Lalaua, que apelam ao Governo central e às autoridades provinciais para a intervenção imediata no troço Ribauè–Lalaua.
A crise de acessibilidade no distrito de Lalaua revela a urgência de investimentos estruturais em infraestrutura rodoviária e resposta a desastres naturais em Moçambique. Enquanto a reconstrução das pontes sobre os rios Mpuipui e Lalaua não se concretiza, a população continua a pagar o preço da lentidão institucional com isolamento, pobreza e sofrimento silencioso.