A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um alerta sombrio para a comunidade internacional: caso persistam os cortes nos fundos provenientes dos Estados Unidos da América para o combate ao HIV/SIDA, o mundo poderá enfrentar até 6 milhões de novas infeções pelo vírus e cerca de 4 milhões de mortes adicionais até o ano de 2030.
O alerta surge num momento crítico para os programas de saúde global, que vêm sofrendo pressões financeiras desde a mudança das prioridades estratégicas de algumas grandes potências ocidentais. Os Estados Unidos são, historicamente, o maior financiador global no combate ao HIV, especialmente por meio do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da AIDS (PEPFAR), que já salvou milhões de vidas desde sua criação em 2003.
Segundo a ONU, os cortes orçamentários em andamento colocam em risco não apenas a continuidade de programas de prevenção e tratamento em dezenas de países, mas também ameaçam reverter décadas de progressos conquistados na luta contra a epidemia.
Impacto na África Subsaariana
A África Subsaariana continua a ser a região mais afetada pela epidemia, concentrando mais de dois terços das pessoas que vivem com HIV no mundo. Países como África do Sul, Moçambique, Quénia, Uganda e Zimbabué dependem fortemente de apoio externo para fornecer tratamento antirretroviral gratuito, campanhas de sensibilização, distribuição de preservativos e programas de testagem.
Sem financiamento adequado, milhões de pessoas podem perder o acesso ao tratamento, aumentando as taxas de transmissão e mortalidade. A ONU teme um retrocesso que poderia anular décadas de progresso.
Organizações não governamentais (ONGs) e agências de saúde global manifestaram profunda preocupação. A UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA) afirmou que “a solidariedade internacional não é apenas desejável, é essencial para conter esta pandemia”.
Winnie Byanyima, diretora executiva da UNAIDS, apelou a uma inversão dos cortes, alertando que “milhões de vidas estão em risco e que esta decisão terá consequências devastadoras, especialmente para mulheres, crianças e comunidades vulneráveis”.
A ONU exorta os países doadores a manterem seus compromissos financeiros e chama a atenção para a necessidade de um esforço global renovado. Além disso, defende:
- O aumento de investimentos nacionais em saúde;
- O fortalecimento dos sistemas de saúde pública;
- A garantia de acesso universal a tratamentos e prevenção;
- A eliminação de estigmas e discriminação contra pessoas vivendo com HIV.