Moçambique acordou este domingo (18) com uma tragédia rodoviária de enormes proporções. Dois acidentes de viação, registados nos distritos da Manhiça (província de Maputo) e Chongoene (província de Gaza), provocaram a morte de pelo menos 35 pessoas e deixaram várias dezenas de feridos, alguns em estado grave.
No distrito da Manhiça, província de Maputo, um semi-colectivo de passageiros de 15 lugares, que circulava no sentido Gaza-Maputo, perdeu o controlo e precipitou-se para um riacho na zona de Ka-Zabela.
O impacto foi devastador: 24 passageiros morreram no local e os sobreviventes foram socorridos para o Hospital Distrital da Manhiça. Os corpos foram depositados na morgue daquela unidade, que atingiu rapidamente o limite da sua capacidade.
O administrador distrital da Manhiça, Matias Parruque, descreveu o cenário como “uma situação profundamente lamentável”, lembrando que este é o segundo acidente grave na mesma zona em menos de três dias.
“É uma tragédia que entristece todo o distrito. Estamos a enfrentar dificuldades até na conservação dos corpos, dado o número elevado de vítimas”, disse Parruque.
As causas do acidente ainda estão por apurar, já que o motorista se encontra em estado crítico e incapaz de prestar declarações.
Horas depois, outro acidente chocava a província de Gaza. Na manhã deste domingo, em Maciene, distrito de Chongoene, um camião que fazia o trajeto Inhambane/Xai-Xai colidiu frontalmente com um semi-colectivo de passageiros que seguia em sentido contrário.
O resultado foi igualmente trágico: 11 pessoas perderam a vida e oito ficaram gravemente feridas. Segundo o Hospital Provincial de Xai-Xai, os óbitos foram todos extra-hospitalares, tendo dado entrada apenas seis feridos – incluindo duas crianças.
O diretor do departamento de Medicina Geral, Stélio Tamele, revelou que dois pacientes apresentam traumatismo crânio-encefálico grave, enquanto outros três necessitarão de cirurgia e podem vir a ser transferidos para o Hospital Central de Maputo.
O porta-voz da Polícia em Gaza, Carlos Macuácua, explicou que o sinistro foi provocado por uma ultrapassagem irregular executada pelo condutor do semi-colectivo de passageiros, que não conseguiu evitar a colisão com o camião de mercadorias.
Em reação às tragédias, o Presidente da República, Daniel Chapo, endereçou condolências às famílias enlutadas e apelou à prudência dos condutores.
“Está manhã recebemos a triste notícia do acidente em Gaza, que ceifou a vida dos nossos irmãos. Queríamos, em nome do Estado moçambicano, prestar condolências às famílias enlutadas”, disse o Chefe de Estado em Tete, durante a abertura do XII Festival Nacional da Cultura (FNC).
Chapo reforçou o apelo para que todos os automobilistas respeitem as regras de trânsito e adoptem uma condução defensiva, lembrando que o excesso de confiança e as ultrapassagens perigosas estão entre as principais causas da sinistralidade rodoviária no país.
Além de lamentar as mortes nestes acidentes, o Presidente evocou também os artistas moçambicanos falecidos desde a última edição do FNC (2023) e recordou as vítimas das incursões terroristas em Cabo Delgado, que continuam a assolar o norte do país.