O Tribunal Judicial do distrito de Gorongosa, na província de Sofala, abriu nesta terça-feira (6 de Agosto) um dos julgamentos mais aguardados da região: Sabete Elicha Morais, presidente do Conselho Municipal da vila de Gorongosa, está a responder em tribunal pelos crimes de abuso de cargo ou função e enriquecimento ilícito.
O processo, que se tornou público no ano passado após denúncias anónimas, envolve ainda o ex-vereador municipal para a área de Finanças, cujas ações também estão sob escrutínio. De acordo com o Ministério Público, há fortes indícios de que Sabete Morais se tenha aproveitado do seu cargo para benefício pessoal, em detrimento do interesse público.
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Durante a audiência inaugural, o Ministério Público apresentou os contornos das acusações que, segundo fontes judiciais, incluem a aquisição de bens e património incompatíveis com os rendimentos legais do edil, bem como movimentações financeiras suspeitas em contas associadas a familiares próximos e colaboradores.
À saída da audiência, visivelmente calmo e acompanhado pela sua defesa, Sabete Morais minimizou o processo, afirmando tratar-se de um “processo normal” e manifestando o seu desejo de que “a justiça seja feita”.
Apesar da gravidade das acusações, a defesa acredita que conseguirá provar a inocência do presidente, apontando para possíveis motivações políticas por trás das denúncias.
O tribunal marcou a próxima sessão do julgamento para o dia 28 de Agosto, altura em que serão ouvidos declarantes fundamentais para o esclarecimento dos factos. Entre eles, estão antigos funcionários da autarquia, membros do Conselho Municipal e figuras próximas ao edil.
O caso atrai atenção não só pela figura pública envolvida, mas também por representar um teste à luta contra a corrupção a nível local, num momento em que cresce a pressão da sociedade civil por mais transparência e responsabilização nos órgãos do Estado.
O desfecho do julgamento poderá ter implicações políticas importantes em Gorongosa e servirá como termómetro da eficácia do sistema judicial moçambicano na repressão a crimes económicos cometidos por figuras públicas.
