O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) quebrou o silêncio esta quarta-feira (16), desmentindo de forma categórica as declarações atribuídas ao Tribunal Judicial da Província de Nampula, que indicavam o alegado envolvimento de um dos seus agentes no mediático roubo de ouro no distrito de Mogovolas.
Durante uma conferência de imprensa em Maputo, Enina Tsinine, porta-voz do SERNIC, esclareceu que nenhum agente da corporação está detido ou implicado no caso e que, na verdade, foi o próprio SERNIC quem recebeu a denúncia, liderou a investigação e executou as detenções.
“Refutamos essa informação com veemência. O SERNIC não só conduziu todo o processo de investigação como também procedeu à execução dos mandados. Não há qualquer agente nosso envolvido”, afirmou Tsinine, visivelmente indignada com a alegação.
Segundo a responsável, o SERNIC já endereçou um ofício formal ao Tribunal Judicial da Cidade de Nampula, exigindo explicações sobre a origem da informação divulgada. A instituição afirma estar surpreendida com a versão do tribunal e reitera que os cinco detidos até o momento pertencem exclusivamente à Polícia da República de Moçambique (PRM).
O caso do roubo de gemas — que envolveu o desaparecimento de 56 quilogramas de ouro e 900 gramas de pedras preciosas do tipo Paraíba — tem mobilizado o país e colocado em xeque a integridade das forças de segurança pública.
Enquanto o SERNIC reage com firmeza, a PRM permanece em silêncio institucional. A única manifestação partiu da porta-voz provincial, Rosa Chauque, que, sem qualquer nota formal, limitou-se a descredibilizar a reportagem do Jornal Rigor através de uma mensagem partilhada num grupo de WhatsApp de jornalistas, classificando a matéria como “mentira”.
A atitude foi alvo de críticas da classe jornalística, que cobra respostas institucionais, provas e transparência, especialmente num caso com repercussões tão graves para a confiança pública nas forças de defesa e segurança.
A divergência entre as versões do tribunal, do SERNIC e o silêncio da PRM lança uma nuvem de incerteza sobre a condução do processo e reforça o apelo por maior responsabilização, clareza e prestação de contas por parte das instituições envolvidas.
“Estamos atentos e aguardamos o pronunciamento oficial do tribunal para esclarecer esta situação. A nossa postura será sempre guiada pela legalidade, transparência e imparcialidade”, concluiu Enina Tsinine.