Terrorismo em Cabo delgado causa aumento de casamentos prematuros revela Governo

Conflito armado em Cabo Delgado intensifica casamentos e gravidezes prematuras entre meninas vulneráveis. Governo e ONGs enfrentam desafios devido à insegurança.

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A província de Cabo Delgado enfrenta não apenas os horrores do terrorismo, mas também uma crise silenciosa que atinge milhares de meninas: o aumento de uniões e gravidezes prematuras. O fenómeno, agravado pelo deslocamento forçado de famílias e a desestruturação do tecido social, está a preocupar profundamente o Governo e organizações da sociedade civil.

Historicamente marcada por índices elevados de casamentos infantis, Cabo Delgado vê agora a situação agravar-se com a escalada da violência armada. A insegurança tem deixado meninas desprotegidas, separadas dos seus familiares e acolhidas em centros temporários ou em famílias de apoio — contextos onde a vulnerabilidade é extrema.

“Aumentou o número de casos de violência baseada no género. As uniões prematuras também têm tendência a aumentar, pois as raparigas e crianças estão desprotegidas. Algumas perderam os seus progenitores, outras ficaram separadas das suas famílias. Esta situação aumentou a vulnerabilidade das meninas”, explicou Kiriliana Mubule, Directora do Género, Criança e Acção Social em Cabo Delgado.


Organizações como a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) lutam contra este ciclo de violação de direitos, mas enfrentam limitações evidentes devido à insegurança persistente, principalmente nas zonas mais afetadas da região norte da província.

“Temos desafios, sim, por causa da insegurança. Mas é lá onde há mais necessidades para as nossas comunidades”, afirmou Benedita Langa, representante da FDC em Cabo Delgado. “A insegurança compromete as metas e actividades que a FDC tem vindo a desenvolver. Ainda assim, trabalhamos onde as comunidades existem.”


Apesar do reconhecimento oficial do problema, o Governo ainda não apresentou dados estatísticos que quantifiquem o impacto das uniões prematuras desde o início da insurgência armada. A ausência de números não esconde, porém, a realidade visível nas comunidades: meninas privadas de infância, educação e futuro, vítimas de um conflito que lhes nega o direito à proteção.

A crise humanitária em Cabo Delgado exige mais do que segurança armada: requer um olhar humano, políticas de emergência social e investimento urgente na protecção dos direitos da criança.

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