Uma onda de violência irrompeu esta tarde na lixeira de Hulene, em Maputo, quando um grupo de catadores de lixo ateou fogo a dois equipamentos municipais: um camião de transporte de resíduos sólidos e uma pá escavadora. O camião, emprestado pelo Conselho Municipal de Chimoio ao Município de Maputo, e a escavadora, estavam a serviço na recolha de lixo quando foram brutalmente atacados por indivíduos em aparente retaliação a uma operação policial ocorrida horas antes.
Segundo um comunicado oficial do Conselho Municipal de Maputo, o incidente ocorreu por volta das 15h, após uma intervenção conjunta da Polícia da República de Moçambique (PRM) e da Polícia Municipal, realizada durante a manhã, por volta das 10h. Durante a operação, alguns catadores foram detidos sob suspeita de envolvimento em crimes diversos — incluindo roubo a viaturas em movimento, extorsão a automobilistas e incitação à desordem — ações que vêm sendo reportadas desde o período das manifestações pós-eleitorais.
Fontes no local relatam que, ao tomar conhecimento das detenções, um grupo organizado de catadores decidiu retaliar. Armados com paus e pedras, os indivíduos cercaram os veículos que operavam dentro da lixeira, forçaram a retirada dos motoristas e, em seguida, incendiaram os equipamentos. As chamas consumiram rapidamente ambos os meios, causando prejuízos materiais significativos às autoridades municipais.
Coincidindo com o incidente, moradores do bairro de Hulene “B” circularam um abaixo-assinado denunciando a atuação de um indivíduo identificado como Venâncio Marrengula, apontado como o suposto “líder da lixeira”. Segundo os residentes, Marrengula e seus aliados seriam os principais instigadores da instabilidade na zona, sendo frequentemente vistos bloqueando vias públicas, ameaçando condutores e incitando outros catadores a desobedecer às autoridades.
“Marrengula promove o caos, incita os catadores a resistirem à ordem pública e age como se fosse dono da lixeira”, afirmou um dos moradores que pediu anonimato por medo de represálias.
O incidente reacende preocupações sobre a segurança nas zonas limítrofes da lixeira de Hulene, um dos maiores depósitos de resíduos a céu aberto do país, que há anos convive com problemas sociais complexos. A presença desregulada de catadores, o tráfico de influência de líderes informais e a crescente criminalidade colocam em risco os esforços de gestão de resíduos e ameaçam a ordem pública na capital.
As autoridades municipais ainda não informaram sobre a extensão total dos danos materiais nem sobre eventuais responsabilizações criminais, mas garantem que as operações de recolha de lixo serão retomadas com reforço policial nos próximos dias.
Enquanto isso, os moradores de Hulene clamam por mais segurança, ordem e intervenção efetiva por parte do governo local para restaurar a paz e devolver a funcionalidade à zona da lixeira.