Nos mercados movimentados de Xipamanine e Xiquelene, em Maputo, não são apenas frutas e roupas que estão à venda. Entre bancas improvisadas, sombrinhas coloridas e redes mosquiteiras reaproveitadas, uma nova realidade se impõe: a venda clandestina de medicamentos.
Com os hospitais públicos enfrentando escassez crônica e as farmácias privadas oferecendo preços proibitivos, a população recorre ao mercado paralelo. Aqui, analgésicos, antibióticos, anti-maláricos, anticoncepcionais injetáveis e até antirretrovirais mudam de mãos longe dos olhares oficiais. Entre os produtos mais alarmantes está o citotec — medicamento usado para induzir abortos — circulando sem controle.
“Aqui não há filas, nem burocracia. E o preço? Nem se compara,” confidencia um cliente habitual ao Jornal Rigor, que prefere o anonimato. Um anti-malárico pode custar apenas 80 meticais, enquanto nas farmácias oficiais pode passar dos 200 meticais.
Com os hospitais públicos enfrentando escassez crônica e as farmácias privadas oferecendo preços proibitivos, a população recorre ao mercado paralelo. Aqui, analgésicos, antibióticos, anti-maláricos, anticoncepcionais injetáveis e até antirretrovirais mudam de mãos longe dos olhares oficiais. Entre os produtos mais alarmantes está o citotec — medicamento usado para induzir abortos — circulando sem controle.
Por trás desse comércio, esconde-se uma rede que finge ser paciente para conseguir receitas falsas em unidades de saúde pública e revender os medicamentos. O desvio de recursos do Sistema Nacional de Saúde é grave e prejudica a todos.
De acordo com o Jornal Rigor, as forças policiais têm intensificado as acções. Mais de 30 pessoas foram detidas em dois anos, mas o problema persiste, alimentado pela demanda crescente e a precariedade do sistema formal. Os medicamentos apreendidos, muitas vezes armazenados de forma inadequada, são destruídos por oferecerem riscos à saúde.
O alerta dos médicos é claro e contundente: automedicar-se é apostar na roleta-russa. “Uma dosagem errada pode ser fatal. E remédios mal conservados podem agravar doenças”, adverte o especialista do Hospital Central de Maputo, Dr. Chaves Bernardo.
Diante desse cenário alarmante, uma esperança surge: o Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, anunciou a criação do Sistema Nacional de Rastreabilidade de Medicamentos — um poderoso mecanismo digital que permitirá acompanhar cada remédio desde a fábrica até o paciente, fechando o cerco ao tráfico ilegal.
A batalha contra o mercado negro de medicamentos está declarada. É um combate pela saúde, pela vida e pela dignidade dos moçambicanos que merecem acesso a remédios seguros e eficazes.