O Conselho Municipal de Xai-Xai enfrenta um clima de tensão. Mais de 331 funcionários efectivos e cerca de 150 trabalhadores sazonais suspenderam as suas actividades, acusando a edilidade de não cumprir com a implementação da Tabela Salarial Única (TSU), prometida para agosto deste ano.
O protesto, que começou de forma pacífica, evoluiu para uma paralisação total dos serviços municipais, deixando parte da cidade em compasso de espera.
Em junho, os funcionários assinaram os documentos necessários para a integração na TSU. Em julho, a Assembleia Municipal de Xai-Xai deu luz verde à sua aplicação. No entanto, ao receberem os salários em agosto, os trabalhadores confirmaram que nada havia mudado.

“A tabela entrou, mas ficou sentada no sofá. O nosso salário continua a ser pago pela tabela antiga. O mais grave é que os membros da Assembleia já estão a receber de acordo com a TSU, com retroactivos incluídos. Querem comer sozinhos”, desabafou um funcionário em protesto.
Entre os mais afectados estão os trabalhadores sazonais, cuja remuneração mensal ronda os 2 mil meticais. Muitos relatam dificuldades para sustentar as famílias e afirmam que não vão abandonar o protesto até que tenham garantias de que também serão abrangidos.
“Estamos aqui dia e noite. Não voltamos a trabalhar enquanto não tivermos resposta. Querem deixar-nos de fora como se não fossemos gente”, reclamou um trabalhador sazonal.
A vereadora de Administração e Finanças reconheceu os atrasos e explicou que a implementação da TSU é ainda parcial, acrescentando que alguns funcionários poderão ter acréscimos de até 5 mil meticais. Contudo, garantiu que os trabalhadores sazonais não estão contemplados pela tabela.
A explicação não convenceu os manifestantes, que insistem na aplicação integral da TSU para todos os funcionários.
Com a greve, vários serviços públicos em Xai-Xai estão praticamente parados. Desde a recolha de lixo até ao atendimento em sectores administrativos, a cidade enfrenta desafios operacionais que agravam a insatisfação popular.
A população, que depende diariamente dos serviços municipais, já começa a sentir os efeitos da paralisação.

A TSU foi anunciada como um instrumento para uniformizar salários no sector público, corrigindo desigualdades e melhorando as condições dos funcionários do Estado. No entanto, desde a sua implementação, tem sido alvo de protestos e críticas, com vários sectores a denunciarem exclusões, atrasos e falta de clareza no processo.
O caso de Xai-Xai é apenas mais um episódio da “novela sem fim” que continua a dividir funcionários e autoridades em todo o país.