O Aeroporto Internacional de Nacala poderá, em breve, deixar de ser um “gigante adormecido” e transformar-se numa porta estratégica de conexão entre Moçambique e a África Austral. A companhia aérea sul-africana Airlink manifestou oficialmente o interesse em operar dois voos semanais entre Nacala e Joanesburgo, uma medida que poderá alavancar o turismo, impulsionar o comércio regional e acelerar o investimento directo estrangeiro na província de Nampula.
A informação foi tornada pública durante a Feira Económica da Província de Nampula (FENA 2025), numa reunião entre o governador Eduardo Abdula e representantes da transportadora. A Airlink comprometeu-se a enviar, nas próximas semanas, uma equipa técnica à cidade para realizar estudos de mercado e avaliar a viabilidade operacional da nova rota.
“Esta ligação não é apenas um voo. É uma ponte para o desenvolvimento”, destacou Abdula. “Estamos empenhados em oferecer todas as condições institucionais e logísticas para que a Airlink opere com sucesso a partir do Aeroporto de Nacala”.
Inaugurado em 2014 com capacidade para receber cerca de 500 mil passageiros por ano, o Aeroporto Internacional de Nacala foi concebido como uma infraestrutura moderna e estratégica para o desenvolvimento do norte de Moçambique. No entanto, ao longo dos anos, o terminal enfrentou diversos desafios operacionais, incluindo a ausência de companhias aéreas fixas e a fraca movimentação de passageiros e cargas, sendo frequentemente apontado como um “elefante branco”.
A chegada da Airlink representa, portanto, um ponto de viragem. Com base em Joanesburgo, a companhia possui uma vasta malha aérea na África Austral e opera para mais de 45 destinos no continente, sendo reconhecida pela sua eficiência e pontualidade.
Se a rota se concretizar, será a primeira ligação aérea internacional regular de Nacala, colocando a cidade diretamente no mapa regional da aviação comercial e conectando-a aos principais corredores económicos do sul de África.
Impacto económico e regional
Economistas e analistas locais veem a possível operação da Airlink como uma oportunidade de ouro para dinamizar sectores estratégicos, como:
- Turismo, com maior fluxo de visitantes às praias de Nacala, Ilha de Moçambique, Pemba e outros destinos no norte;
- Logística e comércio, facilitando o transporte de bens entre o Porto de Nacala e os países do interior como Malawi e Zâmbia;
- Investimento privado, com maior confiança no ambiente económico local e maior visibilidade internacional.
“A aviação é uma infraestrutura invisível que conecta ideias, culturas e mercados. A entrada da Airlink em Nacala é um catalisador de desenvolvimento a longo prazo”, comentou um consultor do sector.
A viabilidade da rota depende agora da avaliação de mercado, análise de custos operacionais e apoio institucional. Se confirmada, a operação poderá arrancar ainda este ano ou no início de 2026, dependendo dos trâmites técnicos e regulatórios.
A autoridade aeroportuária e o Ministério dos Transportes e Comunicações também deverão ser envolvidos nas negociações finais, bem como a Autoridade de Aviação Civil de Moçambique.