PRM nega cobranças ilícitas após paralisação de transportadores na Beira

Transportadores paralisam actividade em protesto contra alegadas extorsões da polícia na Beira. PRM nega acusações e diz que operação visa reduzir acidentes.

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A cidade da Beira assistiu nesta terça-feira a uma manhã de caos, marcada pela paralisação súbita dos operadores de transporte semi-colectivo de passageiros, que alegam ser vítimas de constantes cobranças ilícitas e abusos por parte de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) ao longo do troço Beira–Dondo, na província de Sofala.

A suspensão das actividades por parte dos transportadores gerou grandes constrangimentos para os utentes, que, sem alternativas viáveis, foram forçados a percorrer a pé vários quilómetros ou a esperar durante horas em paragens sobrelotadas, sob o sol escaldante da manhã.

Perante as acusações, a PRM, através do seu porta-voz em Sofala, veio a público refutar veementemente as alegações de extorsão e abuso de autoridade. Segundo a corporação, os postos de fiscalização no troço Beira–Dondo são apenas três: dois fixos e um rotativo, instalado de forma estratégica em pontos com maior índice de sinistralidade.

“As operações de fiscalização em curso não têm nenhum carácter persecutório ou extorsivo. São uma resposta a um aumento preocupante de acidentes rodoviários, maioritariamente causados por excesso de velocidade e más práticas na condução”, esclareceu o porta-voz.

Os transportadores, por sua vez, afirmam que os agentes da polícia montam múltiplos pontos de controlo num percurso de apenas 30 quilómetros, transformando o quotidiano dos condutores numa “via-sacra”. Reclamam ainda de exigências arbitrárias, como documentação supostamente inválida, pneus “fora do padrão” e até mesmo “multas inventadas”.

“Em cada esquina há uma patrulha com blocos prontos. Não importa se estás certo, eles sempre arranjam um motivo para tirar algum valor. Isto não é fiscalização, é opressão legalizada”, disse um dos motoristas que preferiu o anonimato.

Apesar de negar a existência de extorsões como política institucional, a PRM garantiu que irá apurar a veracidade das denúncias apresentadas pelos operadores, admitindo a possibilidade de existência de comportamentos desviantes por parte de alguns agentes.

“Caso se comprovem práticas ilícitas, serão tomadas medidas administrativas e disciplinares contra os envolvidos”, garantiu a corporação.

Para a população, o conflito entre os transportadores e a polícia representa mais um golpe nas já frágeis condições de mobilidade urbana. Muitos passageiros expressaram frustração face à dependência exclusiva do semi-colectivo como meio de transporte diário.

“Levantei-me às 5h30 para chegar ao trabalho às 7h. Fiquei na paragem até às 9h e não apareceu nenhum ‘chapa’. Tive que caminhar até Munhava. É desumano”, lamentou uma utente.

Líderes comunitários e representantes das cooperativas de transportadores apelam a um diálogo urgente e transparente entre as partes, que inclua também o governo local, de forma a encontrar soluções sustentáveis que garantam segurança nas estradas, sem sufocar os operadores nem penalizar os passageiros.

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