No norte de Moçambique, onde as cicatrizes deixadas pelo terrorismo ainda marcam o quotidiano de milhares de famílias, uma nova esperança começa a nascer. Mais de cinco mil jovens – sobreviventes diretos e indiretos dos conflitos armados nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado – irão, a partir do final deste ano, iniciar uma jornada de reconstrução pessoal, social e económica, através de cursos de formação profissional promovidos pelo Projecto Jovem.
A instabilidade e o terrorismo deixaram um rastro de destruição: vilas abandonadas, escolas fechadas, sonhos interrompidos. Muitos jovens perderam familiares, suas casas, sua segurança e com isso, também perderam as oportunidades de crescer e contribuir para suas comunidades.
O Projecto Jovem surge como uma resposta concreta a essa realidade, oferecendo capacitação técnica, apoio psicossocial e ferramentas empreendedoras para que esses jovens não sejam apenas sobreviventes, mas líderes e agentes de desenvolvimento nos seus territórios.
Os cursos terão foco em áreas estratégicas para o desenvolvimento económico local, como:
- Construção civil: formar pedreiros, canalizadores, electricistas – e reconstruir, literalmente, o que foi destruído;
- Agricultura inteligente: capacitar jovens para agricultura resiliente às mudanças climáticas, com técnicas modernas e sustentáveis;
- Carpintaria e serralharia: ofícios com procura garantida nos projetos de reabilitação urbana e rural;
- Informática e tecnologias móveis: para permitir que os jovens entrem no mundo digital, com possibilidades de emprego remoto e autoemprego;
- Empreendedorismo e gestão de pequenos negócios: formar jovens líderes que possam lançar cooperativas, pequenas empresas e projectos sociais.
Os cursos terão duração variável entre 3 a 12 meses, com direito a certificação oficial reconhecida pelo Estado, acesso a kits de trabalho, estágios e, em alguns casos, financiamento inicial para pequenos negócios comunitários.
Esta iniciativa prova que, com investimento certo, a juventude pode ser o pilar da reconstrução e do desenvolvimento sustentável. Num contexto de pós-conflito, a capacitação profissional destes jovens representa não só uma resposta à crise, mas também um passo seguro rumo à estabilidade, inclusão e prosperidade das comunidades afetadas.
O Projecto Jovem é um grito de esperança, um símbolo de que é possível transformar dor em oportunidade, violência em progresso e medo em futuro.




